Brasileiros não têm cuidado adequadamente da voz

Os Conselhos de Fonoaudiologia de todo o país têm se voltado para um problema que vem se agravando em todo o Brasil: os frequentes diagnósticos de alterações que atingem a voz da população. Para o ano de 2018, o – Instituto Nacional de Câncer – INCA, estima perto de 6.390  novos casos de câncer de laringe em todo o país. O estado do Paraná engrossa essa fatia, concentrando perto de 660 dos casos.

 

“São números que nos faz parar para refletir. A constatação é que não estamos cuidando bem de nossa saúde geral e principalmente da prevenção vocal. A falta de informação adequada tem grande parte desta responsabilidade”, destaca o especialista em voz e presidente do Conselho Regional de Fonoaudiologia, Francisco Pletsch.

 

Devido ao uso mais constante da voz, algumas profissões ajudam a engrossar as estatísticas. Os professores, por exemplo, são um dos  públicos que frequentemente apresentam problemas nas cordas vocais devido ao uso constante.

 

Inúmeros artigos científicos, dissertações de mestrado e doutorados dedicam horas e mais horas estudando o problema enfrentado pelos professores. “Uma dissertação de mestrado realizada na PUCPR, 164 professores da cidade de Curitiba participaram de uma dessas pesquisas. O levantamento mostra que 29,87% apresentaram problemas vocais, 54,44% fizeram tratamento medicamentoso para a voz e 95,13% nunca tiveram treinamento vocal com um Fonoaudiólogo. Isso mostra a dimensão, dos distúrbios que vivenciamos nos dias de hoje”, destaca Pletsch.

 

A professora Denise Ballão com  23 anos de docência leciona atualmente na PMC para o ensino fundamental, já passou por diversos eventos de  - rouquidão – falhas na voz - cansaço vocal -  tosse seca -  pigarro e  esforço vocal nos últimos  05 anos, fez tratamento de reabilitação vocal em 2017 durante 04 meses e ficou totalmente recuperada, afirma  o Francisco/Presidente?

 

Não há idade

 

Embora a fase adulta seja mais propensa para o desenvolvimento de alterações vocais, problemas também podem aparecer logo nos primeiros anos de vida. “Recentemente atendi uma paciente de nove anos que apresentava nódulos (calos) nas cordas vocais que a deixava muito rouca. O tratamento da garota teve êxito porque os pais perceberam precocemente que a filha estava ficando com a voz alterada”, explica Francisco.

 

Além da presença da doença os distúrbios da voz trazem também problemas paralelos, no caso da garota Beatriz, ela teve que deixar por um período o coral do qual fazia parte e que muito gostava. Contudo a paciente não se abateu e fez do tratamento uma forma diferente de se expressar. Por meio de desenhos ela mostrou os desafios e suas descobertas ao longo das sessões de fonoaudiologia. O relato dela transformou-se em 2017 no livro ‘O calo que não era no pé’, Editora Inverso e orientado pelo Espaço Nav.

 

“Ela nos surpreendeu, superou suas dificuldades com muita alegria, do jeito dela, não interferimos em nada”, conta a mãe da garota, Mônica Rohr.

 

“A voz dela amadureceu, está mais limpa, consegue cantar com a voz bem colocada nas cavidades ressonantes e  ela aprendeu a respirar corretamente com diafragma”, afirma Francisco.

 

A história prematura de Beatriz também pode ser a vivida por muitas outras pessoas, que buscam tratamentos vocais. O cuidado com a voz é tão importante quanto outras partes do corpo. Entretanto, a maioria das pessoas não faz como deveria, por achar que não há necessidade de um tratamento. Mas aí é que está o erro, pois a voz também requer atenção, não só de pessoas que precisam dela em sua profissão como professores, cantores ou locutores, mas pessoas que precisam da voz ‘simplesmente’ para se comunicar.

 

Campanha

 

O Conselho Regional de Fonoaudiologia – Terceira Região (CREFONO3), realiza atividades de conscientização da sociedade encabeçando a campanha “Seja Amigo da Sua Voz”. Com inúmeros post de conscientização nas redes sociais, cartazes afixados em toda a linha metropolitana de Curitiba; o tema pretende despertar a atenção das pessoas sobre os cuidados básicos que devemos ter com a Voz.

 

Em 16 de abril é comemorado o dia Mundial da Voz. A data estipulada é uma forma de manter o alerta por todos os cidadãos sobre como se pode ter qualidade de vida fazendo a prevenção adequadas da voz no dia a dia.

 

Cuidados com a Voz

 

- Toda vez que tomar algum líquido gelado pré-aqueça na boca os primeiros 5 (cinco) goles, para evitar o choque térmico que pode causar faringite, laringite e disfonia,  e rouquidão.

 

- Tossir, pigarrear e gritar são agressões às cordas vocais. Quando gritar faça apoio respiratório para diminuir o impacto vocal. O ideal é evitar essas práticas agressivas. 

 

- É desaconselhável exercitar a voz em lugares ruidosos (trânsito caótico, bares, ruas agitadas, shows, etc.) o ruído exige muito esforço vocal; podendo ficar rouco, com falhas na voz e às vezes com afonia.  

 

- Dormir e alimentar-se adequadamente, faz bem para a saúde vocal.  

 

- Não fume e evite a bebida alcoólica.  Embora bora o álcool seja prejudicial as bebidas fermentadas são menos prejudicais do que as destiladas.. 

 

-  Tome ao menos dois litros de líquidos ao dia.  

 

-  Quando falar por tempo maior procure  respirar  frequentemente para abastecer as energias fonatórias. 

 

-  É sempre aconselhável ter mais cuidado com as mudanças bruscas de temperatura; porque elas podem causar choque térmico.

 

-  Quando estiver resfriado ou gripado procure falar menos para evitar lesões nas cordas vocais.

 

-  Evite a automedicação, pois remédios podem ressecar as cordas vocais, principalmente os antidepressivos.

 

-  Cuidado com as crendices populares: tomar bebida alcoolica forte, usar de gengibre ou pastilhas,podem ter o efeito contrário na saúde da voz.

 

-  O acúmulo de atividades gera tensão e  estresse e isso pode alterar a saúde da voz. 

 

 

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